TECNOLOGIA DE PEQUENOS REATORES MODULARES
E RETOMADA DA CONSTRUÇÃO DE ANGRA 3 NA AGENDA
Seguindo a tendencia mundial, tecnologia de SMRs poderá ser
a solução para limpar a matriz e substituir termelétricas a carvão
Começa nesta terça-feira (27/08), no Rio de Janeiro, a 15ª edição do Seminário Internacional de Energia Nuclear (XV SIEN), que vai reunir os executivos das principais empresas da área nuclear do País – desde a geração de energia, fabricação de combustível nuclear e de equipamentos para plantas nucleares, além de representantes do Governo, empresas públicas e privadas, institutos de pesquisa e universidades. O evento, que se estenderá até o dia 29/08, será realizado na sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio (Rua do Russel, nº 1, Glória), das 9:00h às 18:00h.
A aposta principal em discussão segue a tendencia mundial que aposta suas fichas nos pequenos reatores modulares (SMR, na sigla em inglês) para garantir a geração de energia firme e limpa, como exigem as mudanças climáticas. No rastro dos mais de 80 projetos de reatores modulares em desenvolvimento pelo mundo, o setor nuclear brasileiro começou a desenvolver sua própria tecnologia para tornar realidade um projeto nacional de SMR, tendo como referência o projeto do Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE), da Marinha, onde está sendo desenvolvido o protótipo do submarino de propulsão nuclear brasileiro.
Já confirmaram presença, entre outros executivos e autoridades, oDiretor-Presidente da ELETRONUCLEAR, Raul Lycurgo Leite; o, Secretário Naval de Segurança Nuclear e Qualidade da MARINHA, Alte. Esq. Petronio Augusto Siqueira de Aguiar; o Presidente da NUCLEP, Carlos Henrique Seixas; o Presidente da INB, Adauto Seixas; o presidente da Amazul, Newton de Almeida Costa Neto, o Assessor da Presidência da EPE, Giovani Machado, representando o Presidente), entre outras (agenda completa anexa).
Embora ainda enfrente impasses como a indecisão em retomar Angra 3, que se arrasta sem solução para curto e médio prazos, o desafio foi aceito e o tema vai ganhar um dia inteiro de debates através de um workshop que acontecerá durante o SIEN 2024, reunindo especialistas da Marinha, do setor privado e especialistas do governo e do setor privado. O evento vai colocar este desafio na mesa de debates, além de outros como a conclusão de Angra 3, mineração de urânio e produção de combustível, entre outros.
O PROJETO DO SMR BRASILEIRO
Embora ainda tratado timidamente como “possibilidade”, o projeto de um SMR Brasileiro está muito próximo de virar realidade. A Amazul, por exemplo, já iniciou, recentemente, um processo interno de capacitação de pessoal e estudos voltados para os SMR. O objetivo da empresa é se estruturar para, no futuro, estar apta a desenvolver um projeto de SMR nacional (SMRB) que aproveite, na forma de spin off, todo o conhecimento tecnológico desenvolvido no Brasil e da cadeia produtiva do setor nuclear já existente em função do Programa Nuclear Brasileiro (PNB), do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub).
O assunto vem despertando grande interesse no Brasi8l, que j´pa domina todo o ciclo do combustível nuclear, e mundial, tendo em vista que essa tecnologia traz uma mudança de paradigma e grande oportunidade de reduzir o tempo de construção e os custos iniciais de implantação associados às grandes centrais nucleares. Isso certamente levará a uma maior participação da energia nuclear na matriz energética global, com efeitos positivos para atual necessidade de redução de emissões de carbono, mantendo a necessária segurança energética pela diversificação das fontes (menor vulnerabilidade do sistema) e com a necessária garantia do abastecimento para atendimento das pessoas e da economia.
Além da geração de energia para o Sistema Integrado Nacional (SIN) ou para localidades isoladas, muitas outras aplicações estão sendo estudadas e desenvolvidas com base nos SMRs. Dentre as principais, e que possuem potencial de serem aproveitadas no Brasil, com a tecnologia aqui dominada (PWR), estão a geração de energia e calor para aplicações industriais, a produção de água potável por meio de dessalinização, a produção de hidrogênio sem geração de carbono ou gases do efeito estufa e a produção de combustíveis sintéticos que substituirão os combustíveis fósseis no futuro, dentre outras.
SMRs X TERMELÉTRICAS A CARVÃO
Tema polêmico, a proposta apresentada pelo especialista Leonardo Paredes, consultor da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), no sentido de aproveitar a infraestrutura existente nas usinas a carvão mineral para implantar reatores modulares de pequeno porte – os chamados SMRs vai ser um dos temas em debate durante o XV SIEN.
A sugestão foi apresentada através da plataforma criada pelo governo para colher contribuições da sociedade ao Plano Clima, que o governo federal pretende que seja o guia da política climática brasileira até 2035. Segundo o autor da proposta, além de gerar energia com menos emissões de carbono, o projeto otimiza o uso do solo e promove, de forma coerente e justa, a transição energética da cadeia carbonífera do Brasil.
O debate no XV SIEN vai acontecer às 14:00h do dia 27/08, e vai reunir, além de Leonardo Paredes, o Presidente da Diamante Energia, Pedro Litsek, que realiza estudos no momento para implantar o primeiro SMR no Complexo Jorge Lacerda (energia a base de carvão); a Amazônia Azul, Tecnologia de Defesa – Amazul, que colabora com esses estudos; e o diretor de Estudos Energéticos, Econômicos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, Giovani Vitoria Machado.
Na opinião de Leonardo Paredes, a substituição do carvão por um reator modular nas usinas, além de preservar os empregos existentes (diretos e indiretos), cria novos cargos ocupacionais com ganhos salariais substancialmente maiores, reaproveitando a mão de obra e a cadeia de suprimento oriundas do carvão.
Essa intenção de trocar o carvão por SMRs não é nova, mas só agora foi formalizada como uma proposta de política de governo para enfrentar as questões climáticas. A Amazul e a Diamante Energia, por exemplo, já assinaram um acordo de intenção para a realização colaborativa de um pré-estudo na cidade de Capivari de Baixo (SC). O complexo é formado por quatro usinas a carvão e sete geradores, com potência total de 740 MW e cerca de 350 funcionários diretos.
SERVIÇO
INFORMAÇÕES GERAIS:
XV Seminário Internacional de Energia Nuclear – Rio de Janeiro / Brasil
LOCAL: Sociedade dos Engenheiros e Arqiotetos do Estado do Rio de Janeiro – SEAERJ
Endereço: Rua do Russel, Nº 1, Glória, Rio de Janeiro
Informações /
Tels: (21) 99699-1954 / 3301-3208
carlos.emmiliano@gmail.com/ / casavivaoperacional@gmail.com
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